quinta-feira, outubro 04, 2007

Realidade

Em ti o meu olhar fez-se alvorada

E a minha voz fez-se gorjeio de ninho
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulgo de Espanha, em taça cinzelada
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra de um caminho

Minhas pálpebras são cor de verbena
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...

Mais um sublime Poema de Florbela Espanca
Espero que gostem

terça-feira, maio 22, 2007

I waited all the Day


I waited all the day
...You waited all day
but you left before the sunset
and I just wanted to tell you
the moment was beautiful.
Just wanted to dance to bad music,
drive bad cars,
watch bad TV.
Should have stayed for the sunset...

if not for me....

Pearl Jam (Vitalogy)

segunda-feira, março 12, 2007

O amor Eterno

O Amor Eterno
E agora que as mãos da incrédula rapariga te empurram para a saída,
onde irá chover, de acordo com a cor do céu, não resistas.
Na rua, onde os ventos se cruzam na esquina,
os que sopram, do norte,
de colinas manchadas pelo inverno,
e os que nascem do rio,
trazendo a impressão húmida do litoral,
acende um cigarro, para que o calor do lume te reconforte as mãos,
avança pelo passeio, enquanto o frio te deixar,
e ouve o canto da água por baixo de terra:
correntes no limite entre o gelo e o fogo,
uma evaporação de humores,
como se as almas lutassem em busca de saída, e,
no fumo de uma memória de mesa antiga,
tu e essa que amaste,
trocando as frases matinais do re- encontro.
Vidros embaciados pelas lágrimas da ruptura,
perguntas sem resposta,
a casa de luzes apagadas,
como se estivesse vazia - e como se não soubesses que os destinos se decidem por cima de nós, onde em cada instante um deus cansado nos desfaz
as inúteis promessas de eternidade.
Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"

domingo, fevereiro 04, 2007

Adeus

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Maravilhoso este poema de Eugénio de Andrade

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Ensina-me a Pescar Estrelas

Ensina-me a pescar estrelas
por entre os céus das tuas muralhas de titanio...
Conta-me e ensina-me...
As tuas artimanhas, truques e caminhos
para te deitares sempre sobre um céu estrelado...
e seres tu, brilho, luz alegria e estrela do Norte...
Diz-me , prova-me, que tudo é possível
e que eu aprenderei...
Que amanha como quem sonha
atraveserrei as tempestades...os caminhos
inventarei a poção mágica... e essas muralhas de titanio
transformar-se-ão em muralhas saborosas de chocolate
e cobertas de veludo.

sábado, dezembro 16, 2006

A minha alma sonha contigo


Não te posso contar
o tanto que te estimo
quais caminhos caminhar?
Para ser teu meu mimo.

Não te posso demonstrar
e meus olhos são tristes
como te queria encantar!
Sentir em minha pele que existes

Não te posso contar
que a minha alma sonha contigo
Só me resta imaginar...suspirar...
e tratar-te como um amigo

Não te posso abraçar
suster-te em meus braços...
Nem veludo de estrela inventar...
Para contigo criar laços.