segunda-feira, março 12, 2007

O amor Eterno

O Amor Eterno
E agora que as mãos da incrédula rapariga te empurram para a saída,
onde irá chover, de acordo com a cor do céu, não resistas.
Na rua, onde os ventos se cruzam na esquina,
os que sopram, do norte,
de colinas manchadas pelo inverno,
e os que nascem do rio,
trazendo a impressão húmida do litoral,
acende um cigarro, para que o calor do lume te reconforte as mãos,
avança pelo passeio, enquanto o frio te deixar,
e ouve o canto da água por baixo de terra:
correntes no limite entre o gelo e o fogo,
uma evaporação de humores,
como se as almas lutassem em busca de saída, e,
no fumo de uma memória de mesa antiga,
tu e essa que amaste,
trocando as frases matinais do re- encontro.
Vidros embaciados pelas lágrimas da ruptura,
perguntas sem resposta,
a casa de luzes apagadas,
como se estivesse vazia - e como se não soubesses que os destinos se decidem por cima de nós, onde em cada instante um deus cansado nos desfaz
as inúteis promessas de eternidade.
Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"