segunda-feira, setembro 12, 2011

Gostava de reescrever-te

Gostava de morar na rua dos teus pensamentos
Voltar a pernoitar no hotel das tuas memórias.

Gostava de dançar na música das palavras que nunca disseste
Borrar as lágrimas do que nunca devias ter dito.

Gostava de Reescrever-te e Reinventar-te
Passear pela marginal daquilo que poderia ter sido.

Gostava de viver um pouco em ti
e poder demorar-me um bocadinho...

Gostava de roubar-te de um sonho ou de uma memória

e voltar a abraçar-te um dia.

Saudades de mim... Saudades de escrever

Tinha saudades de escrever... durante algum tempo deixei adormecer este bichinho, esta veia e esta parte parte de mim que tanto aprecio. A minha ligação comigo própria e com o mundo que me rodeia está entrelaçada com palavras.
Muitas vezes precisamos de nos perder... por aqui...por ali...para percebermos onde verdadeiramente queremos estar.

sábado, outubro 16, 2010

Eu tambem sei


Sei Bem que

Nunca Serei Ninguém

Sim, sei bemSei de sobra

Que nunca serei alguém.


Que nunca terei uma obra.

Sei, enfim,

Que nunca saberei de mim.

Sim, mas agora,

Enquanto dura esta hora,

Este luar, estes ramos,

Esta paz em que estamos,

Deixem-me crer

O que nunca poderei ser.


Ricardo Reis, in "Odes" Heterónimo de Fernando Pessoa

Uma realidade suportavel?


"Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras".... Marcel Proust.

quinta-feira, setembro 03, 2009

I took my love and took it down
I climbed a mountain, I turned around
And I saw my reflection in a snow covered hill
'til a landslide brought it down
Oh, mirror in the sky, what is love?
Can the child within my heart rise above?
Can I sail through the changing ocean tides?
Can I handle the seasons of my life?
Well, I've been afraid of changing cause I've
Built my life around you
Time makes you bolder
Even children get older
And I'm getting older, too
I'm getting older, too
I took my love and took it down
I climbed a mountain, I turned around
And if you see my reflection in the snow covered hill
The landslide brought it down
The landslide brought it down

domingo, agosto 30, 2009

Casa






Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.

David Mourão Ferreira
Infinito Pessoal
(1959-1962)