quinta-feira, dezembro 04, 2008

Já não Almejo Voar



Poiso as minhas asas corroídas pelo sal das tristes lágrimas
Já não almejo voar
Sinto o negro pesar das ilusões feridas
Não tenho o alento,
Nem a elegância dos sonhos de outrora
Deito-me, escondo-me …
Alma feita em metal de muralhas erguidas
De nada me adianta esperar pela aurora
Cubro-me com o meu manto retalhado de escombros,
Fracturas expostas desta vida inócua e perversa
Tento, em vão, morrer adormecendo
Mas doem-me demasiado as penas murchas pela tua ausência
Agora nem o sono me abraça
Quebraste-me, partiste-me
Seduziste-me nesse jogo de amigo viciado sem clemência
Pintaste-me com o verbo ignorar tonalidade baça
Com salpicos e desenhos de borboletas envenenadas
Rabiscos do teu tom azul tão vulgar e impessoal.
Envenenada pelo teu tom azul banal
Já não almejo voar.